No século XIX e mesmo ainda no século XX, até aos anos 30, os alarmes para socorro em caso de incêndio, eram dados pelos sinos das igrejas.
Nas cidades, algumas igrejas das freguesias tinham uma “caixa de incêndio” colocada no exterior da parede da torre sineira. Em caso de fogo, qualquer pessoa podia abrir a porta da caixa e puxava a corda do sino para dar o alarme. Por exemplo, o Porto tinha 21 caixas de incêndio e cada uma tinha indicado o número de toques que avisavam em que freguesia havia o sinistro.
Em Guimarães ainda hoje existe, na zona central da cidade, uma igreja com uma excelente placa de bronze com as indicações dos toques das respectivas freguesias.
Em Setúbal há, pelo menos em duas igrejas, vestígios visíveis das antigas caixas de incêndios.
Na nossa freguesia temos uma, na Igreja de S. Julião. Na rua Serpa Pinto, quase em frente da atual livraria Hemus, é visível a antiga caixa, hoje emparedada, assim como a canalização que conduzia arame para o sino de alarme situado na torre sineira.
Nos anos 30, com a instalação dos postos avisadores telefónicos nas zonas urbanas, os alarmes sineiros deixaram de ser usados. Mas isso é assunto para outra crónica…
Professor Alberto de Sousa Pereira
Foto 1: Torre sineira da Igreja de São Julião em Setúbal
Foto 2: Foto exemplificativa da porta com o número de toques por freguesia (não se encontra em Setúbal)