Durante centenas de anos a venda do pescado em Setúbal foi feita na praia, hoje a Avenida Luísa Todi, em frente do arco que dá para o Largo da Ribeira Velha, na baixa da cidade.
Com o aterro feito para a construção da avenida, nos finais do século XIX, a lota passou para extremidade sul do baluarte do antigo quartel do RI 11. As condições eram melhores, mas as reclamações permanentes e as confusões, em dias de boa pescaria ainda eram maiores.
Em março de 1930, o ministério da Marinha criou um cais flutuante, junto ao cais da Conceição, para a Lota e regulamentou o seu funcionamento, mas o serviço pouco ou nada melhorou.
Havia necessidade de Setúbal ter um edifício próprio para Lota e assim nos finais de 1935 começaram os trabalhos de construção do novo edifício da Lota de Setúbal, na antiga Praia do Seixal, que apenas foi inaugurado em 1944.
O edifício possuía serviços anexos de barbeiro, refeições e posto médico. O almoço inaugural, com sopa de hortaliça e bacalhau cozido com batatas, até incluiu café e vinho moscatel. No dia seguinte o refeitório vendeu 85 almoços a 3$50 escudos cada, cerca de dois euros de hoje.
No verão de 1987 foi construído o novo edifício para a Lota, em moldes modernos, sendo inaugurado com a presença do secretário de Estado das Comunicações.
Em 1990 foi criada a empresa Docapescas, Portos e Lotas, SA, que passou a gerir a Lota de Setúbal até hoje.
Mas os anos de ouro da pesca em Setúbal estavam acabados, pois em 2022 a Lota de Setúbal apenas vendeu 12%, em peso, do pescado nacional.
Professor Alberto Sousa Pereira