É muito vulgar encontrar, em artigos de revistas e na Internet, referências a uma possível estadia da viúva do presidente Kennedy, dos EUA, no palácio da Comenda, após o assassinato do seu marido. Algumas “notícias” até apontam a estadia como que uma recuperação do abalo que sofreu.
Mas a realidade é muito diferente. Aquelas “notícias” não passam de um boato falso, dos muitos que circulam pela Internet e que depois, com o tempo, passam a ser como que uma verdade histórica pois está repetido por toda a parte. Com efeito Jacqueline Kennedy nunca esteve na Comenda, nem em Setúbal, nem sequer em Portugal, em qualquer altura da sua vida.
Mas todas a mentiras podem ter algum fundo de verdade. A Jacqueline Kennedy tinha uma irmã mais nova, Lee Bouvier, que casou com um aristocrata polaco do qual teve dois filhos. No Verão de 1964, um ano depois do assassinato do presidente Kennedy, Lee Bouvier, acompanhada pelos filhos, veio a Portugal e esteve uns dias no Palácio da Comenda. Na sua chegada a Lisboa, de avião, até teve à sua espera o subsecretário de Estado do Turismo que lhe ofereceu um ramo de flores lhe deu as boas-vindas.
Nada mais se sabe sobre este assunto pois a imprensa da época foi discreta.
Quanto à afirmação de Jacqueline Kennedy ter estado na Comenda não tem qualquer fundamento. Depois da morte do marido ela refugiu-se, com os filhos, na Florida, com rigorosas medidas de segurança. É evidente que as autoridades dos EUA nunca iriam permitir que Jacqueline Kennedy fizesse uma viagem à Europa a um pequeno país na altura considerado como sendo quase do terceiro Mundo e governado por uma ditadura.
Professor Alberto de Sousa Pereira