Susana Marques é a coordenadora da delegação setubalense do CASA - Centro de Apoio ao Sem Abrigo e abriu-nos as portas para nos falar sobre esta estrutura que apoia mais de 60 pessoas diariamente.
Situada no coração da cidade, abre todos os dias graças ao esforço dos seus voluntários, para dar apoio social de primeira linha a quem necessita. Para além da alimentação, faz também o encaminhamento para as entidades com competência para assegurar as respostas sociais necessárias, designadamente para a Segurança Social. Dispõe também de uma pequena loja social com peças de vestuário, embora o espaço não permita alargar este serviço.
As pessoas em situação de sem abrigo podem igualmente utilizar as instalações para a higiene pessoal, nomeadamente para tomar banho no balneário recentemente renovado.
Dia após dia entregam entre 60 e 70 kits alimentares, mas a oferta não termina por aqui. Semanalmente entregam alimentos frescos a mais 10 famílias e mensalmente 50 cabazes alimentares.
A União das Freguesias de Setúbal, reconhecendo a importância do trabalho que o CASA desenvolve e a abnegada dedicação dos seus voluntários, tem prestado apoio regular, no reforço alimentar e, sobretudo, na melhoria das instalações e das condições para a prestação do apoio social, como por exemplo na aquisição de equipamentos para a cozinha. Este ano o CASA participará, pela primeira vez, na Fest’Asso, festas que a Junta de Freguesia promove com o movimento associativo e que possibilita às associações obter receitas importantes para a sua atividade.
Esta associação, que depende essencialmente dos voluntários que oferecem o seu tempo pessoal para a recolha e preparação das refeições, implementou, antes da pandemia, o projeto “Tacho Solidário”. Este projeto, impulsionado pela voluntária Cristina Augusto, baseou-se em antigas práticas sociais solidárias de alguns bairros pobres da cidade: Para alimentar toda a gente, cada família comprava um ingrediente e fazia-se uma “tachada” para matar a fome.
Partindo da solidariedade e com a crise à porta, a confeção de refeições nunca falhou desde o primeiro dia. O CASA possui uma equipa fixa de voluntários que ajuda consoante as necessidades de quem se predispõe a ajudar, fornecendo desde quantidades até à confeção e entrega.
Antes da pandemia a procura era de cerca de 25 pessoas diariamente, mas, com as dificuldades económicas e sociais, o número disparou para mais de 100 pessoas, provenientes de todas as categorias sociais, mas cujas fontes de rendimento foram bruscamente interrompidas. No entanto, as doações não aumentaram proporcionalmente e foi preciso encontrar soluções.
Inicialmente o projeto foi um sucesso e abundaram bens e voluntários, tendência que foi diminuindo com o passar do tempo.
Hoje, três anos após o primeiro Tacho, o CASA apela a todos os que podem e desejam ajudar: Mesmo que esteja sozinho, mesmo que não saiba cozinhar, a equipa residente ajuda!
Tivemos o prazer de conversar com o Sr. Rogério em volta de um alguidar de batatas por cortar. Este voluntário permanente do CASA explica-nos estar sempre disponível para ajudar, mas lamenta muito o facto de serem poucos os voluntários que contribuem de forma regular. Apesar de já ser reformado, o que o move é o gosto pela entreajuda, mas confessa que gostaria de ver uma equipa com mais jovens a contribuir na confeção e entrega das refeições.
O Lions Club de Setúbal, em parceria com a União das Freguesias de Setúbal, decidiu também dar um contributo importante e no próximo dia 20 de Maio, pelas 16h, organiza um espetáculo solidário no Auditório Bocage, com o Quarteto Deolinda de Jesus e dois solistas da Companhia de Ópera de Setúbal, revertendo a receita a favor do CASA.
Que ajudar? Pode contactar diretamente o CASA através do site ou das redes sociais para combinar e fazer o seu tacho.