A União das Freguesias de Setúbal recebeu novas cores com a chegada das comemorações dos Santos Populares. O Largo da Ribeira Velha e o Largo da Fonte Nova foram decorados na última semana com enfeites realizados pelos utentes do Centro Comunitário de Santa Maria da Graça.
As celebrações dos Santos Populares deste ano contam com a participação especial de Madalena, voluntária do Centro Comunitário que está a apoiar a realização de festões, bandeirolas, flores e outros enfeites alusivos a esta época festiva.
Madalena, de 58 anos, conta que “surgiu a oportunidade de ensinar” após ter procurado o Centro Comunitário de Santa Maria da Graça. “Aquilo que sei ensino e uma das coisas que me trás por cá é que ao ensinar umas coisas aprendo outras e avivo a memória noutras”, refere a voluntária do centro.
O primeiro contacto de Madalena com a realização de enfeites para os Santos Populares ocorreu por volta dos seis anos de idade, quando ficava no café da tia na Rua dos Mareantes, antiga Rua de João Galo. O que sabe hoje e procura partilhar com outras pessoas foi aprendendo ao longo da sua vida, inclusivamente com pessoas que habitavam nessa mesma rua vindos da Madragoa e Mouraria.
Madalena destaca as flores de papel dos Santos Populares de Campo Maior, distrito de Portalegre, as festas da Madeira e as aprendizagens que fez com um casal de Sesimbra num café na Rua dos Mareantes, “que passava música e tinha uma salinha de jogos”.
A voluntária do centro comunitário da União das Freguesias de Setúbal afirma que “ainda existem muitas pessoas que sabem fazer estes enfeites, mas já não existe o mesmo bairrismo”. Madalena relembra que a cidade era decorada para os Santos Populares com a ajuda dos comerciantes que “davam 20 ou 30 escudos cada”, sendo que “com esse dinheiro comprava-se o papel, as colas, as cordas” com os quais eram produzidos os enfeites.
Cláudio Pinela, animador do Centro Comunitário de Santa Maria da Graça, refere que “o contributo da Madalena tem sido excelente porque tem estado aqui, sempre que pode, a orientar e aconselhar a melhor forma de se fazer o festão com alguma consistência e que tenha alguma durabilidade”.
A realização das decorações desta época festiva pelos utentes do Centro Comunitário enquadra-se no plano de atividades deste equipamento. “Quando chega a altura dos Santos Populares somos sempre convidados, quer seja pela junta de freguesia, quer pela plataforma EnvelheSeres para trabalhar nas decorações alusivas aos Santos Populares”, explica Cláudio Pinela.
O animador do centro comunitário refere que os utentes têm tido “uma boa reação” à realização dos enfeites “porque, de certa forma, é um tipo de trabalho que todos os utentes conseguem desenvolver porque está a incidir sobre o trabalho da motricidade fina, promove o convívio e vai testar as raízes e tradições a que estas pessoas estão habituadas”.