Foi submetida a 17 de junho a candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera, a qual permite avançar com um projeto de visão e desenvolvimento integrado para o território.
A candidatura da Arrábida a Reserva da Biosfera, dinamizada em conjunto com as câmaras municipais de Setúbal, Palmela e Sesimbra e o ICNF – Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, e subscrita também pela União das Freguesias de Setúbal, é enquadrada no programa científico “O Homem e a Biosfera” (Man & Biosphere) criado em 1970 pela Unesco, centrado na conservação e preservação da natureza em conciliação com a atividade humana.
“As áreas protegidas são assim classificadas para defender o património natural. Mas também sabemos que, em muitos casos, as áreas protegidas são espaços que já são humanizados e, quase sempre, existe um conflito, entre a defesa e preservação da natureza e a intervenção do Homem nas várias vertentes, do desporto, à cultura ao lazer e às atividades económicas. No fundamental, trata-se de harmonizar”, salientou o presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins.
O presidente da autarquia de Sesimbra, Francisco Jesus, reforçou que “todos ganham com esta ação”, feita “numa parceria a cinco e que resulta de uma visão conjunta”, a qual não “implica mais restrições, limitações ou alterações de maior nos instrumentos de ordenamento e gestão do territorial” atualmente em vigor no Território Arrábida, da qual fazem parte os municípios de Setúbal, Palmela e Sesimbra.
Já o presidente da Câmara Municipal de Palmela, Álvaro Amaro, ao afirmar que a candidatura “acrescenta valor à marca Território Arrábida, ao ganhar mais projeção nacional e internacional”, enalteceu “o modelo participativo e de envolvimento da sociedade numa candidatura desta dimensão”, a qual resulta em “mais um marco para a afirmação de uma região de excelência”.
O presidente da direção do ICNF, Nuno Banza, ao reiterar o facto de a candidatura ser “um extraordinário exemplo de como é possível congregar um conjunto de vontades para um objetivo verdadeiramente maior”, vincou que a Reserva da Biosfera é “uma figura que tem assumido, nos últimos anos, uma importância muito relevante a nível mundial, para dar destaque a áreas com especial interesse”.
O reconhecimento da Arrábida enquanto Reserva da Biosfera, mais do que uma figura de proteção, traduz-se “num valor acrescentado, de maior visibilidade internacional, de integração numa rede de contactos e de intercâmbio com outras áreas congéneres da mesma natureza noutros países e de reforço da imagem do espaço Arrábida enquanto marca de qualidade e de valor”, afirmou Nuno Banza.
Este responsável evidenciou também que a proteção e defesa do património é, muitas vezes, feita de tomada de decisões mais difíceis, dando como exemplo a implementação do programa Arrábida Sem Carros – Arrábida O2, da Câmara Municipal de Setúbal. “Uma decisão difícil, contestada, mas com resultados inegáveis para a salvaguarda de pessoas e de um bem que é de todos.”
O presidente da direção do ICNF, ao considerar que a figura de Reserva da Biosfera tem de ser “apropriada” por toda a sociedade, explicou ainda que, apesar deste reconhecimento não ser acompanhado de apoios financeiros para a dinamização de projetos, coloca a “Arrábida num patamar de ranking diferenciado que permite, futuramente, aceder mais facilmente a outros mecanismos financeiros”.
O programa científico da Unesco “O Homem e a Biosfera” (Man & Biosphere), lançado na década de 70, centra-se essencialmente na conservação e preservação da natureza em conciliação com a atividade humana, numa lógica de desenvolvimento económico, social e ambientalmente sustentável e envolvendo de forma ativa e em harmonia as populações locais.