Sabias que os flamingos, aves elegantes de tom rosado, que podem ser vistas no Estuário do Sado, não se conseguem sentar ou deitar por terem pernas muito compridas e, por isso, dormem de pé?
É verdade. Mas há outras curiosidades interessantes sobre estes animais: são aves monogâmicas, o que significa que ficam com o mesmo parceiro durante toda a vida. Além disso, ambos os pais participam na construção de um ninho - de lama! – no qual depositam um único ovo que incubam em conjunto. Também participam juntos na criação e cuidados a ter com o filhote.
O que é igualmente curioso é que a cria, após o nascimento, abandona o ninho e junta-se a uma espécie de “creche”, com outras crias, até, por volta, dos cem dias de vida. Nesse período, os progenitores conseguem ver os seus filhotes e alimentá-los. Só após esse período na “creche”, as aves ficam independentes.
Todos sabemos que os flamingos são famosos pela sua cor rosada e bico grande e arqueado. A razão pela qual são cor-de-rosa é que é menos conhecida. Os flamingos vão buscar a sua bonita cor à dieta rica em organismos que contêm carotenoides, o mesmo pigmento que dá a cor à cenoura e acontece que a intensidade da coloração está diretamente relacionada com a quantidade de pigmentos ingeridos. Mas as crias não nascem rosadas: os flamingos jovens têm uma cor cinzenta acastanhada e só adquirem o tom rosa por volta dos 3 anos de idade.
Estas aves pernaltas, de pescoço longo e esbelto, costumam repousar serenamente em águas pouco profundas com um dos membros inferiores recolhido. Para de alimentarem, submergem o pescoço, sugando moluscos, crustáceos, anelídeos e insetos, e outros, usando o bico como um filtro que deixa passar a água, mas retêm a algas microscópicas e os minúsculos artrópodes de que se alimenta.
São aves migratórias que vêm passar os meses frios a Portugal, onde encontram alimento nas zonas húmidas, como o Estuário do Sado. Acontece que a migração de flamingos tem vindo a sofrer algumas alterações. As razões que estão na base destas mudanças são ainda pouco conhecidas, mas pensa-se que estejam relacionadas com períodos longos de seca, degradação dos habitas nas zonas de nidificação habitual ou, até, com a alteração da temperatura da água.
Foi, por isso, com satisfação que Instituto de Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) anunciou, em 2021, que os flamingos começaram também a nidificar em Portugal. Ou seja, em vez de partirem na primavera, muitos ficaram por cá e, também no Estuário do Sado, tal como noutras zonas húmidas do país, houve eclosão de ovos, o que demostra bem a resiliência e capacidade de adaptação desta espécie.
Conheces mais aves do Estuário do Sado? Faz-nos chegar os teus interesses e publicaremos um artigo com curiosidades sobre a ave mais referenciada.
