Pradarias marinhas do Sado – florestas vitais, refúgio de biodiversidade

Pradarias marinhas do Sado – florestas vitais, refúgio de biodiversidade

As pradarias marinhas, ecossistemas fundamentais para a vida no planeta, são um habitat constituído por plantas aquáticas, as ervas marinhas. As pradarias do Sado são constituídas por três espécies de ervas marinhas - Zoostera marina, Zostera noltei e Cymodocea nodosa. Apesar de serem plantas aquáticas, as ervas marinhas não devem ser confundidas com algas, pois possuem raízes, caules e folhas. Tem também a capacidade de produzir flores, frutos e sementes e precisam da luz solar para realizar a fotossíntese.

Estas “florestas do mar sem árvores” - palavras de Raquel Gaspar, cofundadora da Ocean Alive - são importantes zonas de reprodução pois algumas espécies usam as pradarias como maternidade, postura, desova e desenvolvimento das primeiras fases larvares. São também zonas privilegiadas para a alimentação, não só pela sua elevada produtividade, mas também pela proteção que as suas longas folhas conferem as espécies que lá se acolhem.

Sabia que há 100 vezes mais animais abrigados e a alimentar-se numa pradaria de ervas marinhas, que nas zonas arenosas adjacentes sem ervas?

As pradarias marinhas, “pulmões do planeta”, são também importantíssimas no combate às alterações climáticas pois são excelentes sumidouros naturais de carbono, isto é, retiram este gás, responsável pelo efeito de estufa, da atmosfera e contribuem para a regulação do clima.

Mas a importância das pradarias marinhas não se esgota nas funções de berçário, de proteção e aumento da biodiversidade, nem de sumidouro de carbono. Este complexo habitat é de enorme importância na melhoria da qualidade da água, purificando-a e aumentando a sua transferência, e na prevenção da erosão costeira, pois ajuda na dissipação da energia das ondas e correntes, protegendo as pessoas do risco crescente de inundações.

Raquel Gaspar afirma: “Um hectare de pradaria marinha (…) produz oxigénio para 180 pessoas e consegue depurar o esgoto produzido por 200 famílias”.

Apesar de sua importante contribuição para o desenvolvimento sustentável e para a adaptação às mudanças climáticas as pradarias marinhas estão em perigo e a desaparecer por todo o mundo. De acordo com dados da ONU, desaparece o equivalente a 2 campos de futebol por hora de pradarias marinhas em todo o mundo.

Portugal não é exceção: a Zostera marina, erva marinha avaliada como vulnerável, encontra em declínio acentuado. Tem vindo a desaparecer em vários pontos do litoral do país e, atualmente, apenas se conhece a sua presença na Lagoa de Óbidos, na Ria Formosa e, claro no Estuário do Sado.

Estes ecossistemas extremamente importantes são desconhecidos da maioria das pessoas. Assegurar a conservação das pradarias marinhas é, também, dar a conhecer esta informação, divulgando a existência e importância destes habitats únicos e de boas práticas de conservação. Está agora nas suas mãos espalhar esta mensagem.

Curiosidades

A maior planta do planeta é uma erva marinha com 200 quilómetros quadrados. Uma semente terá germinado há cerca de 4500 anos ao largo da costa Australiana e foi crescendo, originando pradarias que totalizam 200 quilómetros quadrados.

O Dia Mundial das Ervas Marinhas foi celebrado pela 1ª vez em 2023, no dia 1 de março. Com esta declaração, a ONU visa destacar a necessidade urgente de aumentar a conscientização e facilitar ações para a conservação das pradarias.