A marrequinha-comum, de nome científico Anas crecca, é um dos patos mais abundantes no nosso país. Contrariamente ao que acontece com outras espécies de patos, que se concentram quase exclusivamente em zonas húmidas, a marrequinha pode também ser vista no interior do território, em barragens, pequenos açudes e pauis alagados.
É uma espécie invernante, migradora, que pode ser observada facilmente no Estuário do Sado, principalmente de setembro a março: não se reproduz em Portugal, mas todos os anos entre 13.000 e 30.000 indivíduos passam cá o Inverno, podendo formar bandos de centenas, ou mesmo milhares, de indivíduos. As marrequinhas que nos visitam no inverno passam a época mais quente na Europa Ocidental, Central e Setentrional, onde nidificam. É uma ave que descansa de dia em grupos compactos em zonas húmidas abertas, ou em bancos de lama; ao anoitecer move-se progressivamente para zonas com vegetação densa.
Curiosidade: Estima-se que esta espécie exista desde o Pleistocénico Superior, ou seja, desde há 80.000 anos! Foi encontrado um úmero fóssil desta espécie na Gruta da Furninha, em Peniche.
Apresenta um evidente dimorfismo sexual pois o macho tem bico preto, pequeno e fino, corpo acinzentado e cabeça avermelhada com uma mancha verde em torno do olho enquanto a fêmea tem o bico e o corpo também castanho com espelho verde. Machos e fêmeas podem chegar aos 16 anos de idade.
Curiosidade: a marrequinha é o pato de água doce mais pequeno da Europa, medindo cerca de 36cm e pesando entre 250 a 400g
De voo rápido, a marrequinha alimenta-se, durante o Inverno, sobretudo de matéria vegetal e sementes, enquanto na Primavera e no Verão (que não passa em Portugal) se alimenta essencialmente de invertebrados aquáticos (moluscos, crustáceos, vermes e insetos).
Se alguma vez vir uma marrequinha macho que em vez de uma risca branca horizontal tem uma risca na vertical, não se confunda. É que está a ver uma prima afastada, a “marrequinha-americana”, uma espécie muito rara em Portugal.