Mariana Torres, operária conserveira assassinada em 1911 durante uma manifestação em defesa dos direitos dos trabalhadores, evoca as mulheres deste setor. O Dia Internacional da Mulher foi marcado pela inauguração da estátua de Jorge Pé-Curto, no Largo da Fonte Nova.
A obra artística cravada na pedra oferecida por João Barroso foi promovida pela Câmara Municipal de Setúbal. Para Maria das Dores Meira, presidente da autarquia, Mariana Torres era uma "mulher que não se vergou à pobreza, que não receou a opressão, que fez da coragem a única arma". "É essa a herança que, hoje, neste Dia Internacional da Mulher, a Câmara Municipal aqui glorifica com este monumento repleto de simbologia", acrescentou.
A peça escultórica, com quatro metros de altura e dois de largura, em mármore branco, é composta por um rosto de uma mulher com os olhos vendados, motivo que evoca os "Fuzilamentos de Setúbal", episódio ocorrido a 13 de março de 1911, na Avenida Luísa Todi, em que Mariana Torres e António Mendes, operários conserveiros, foram mortos numa ação de luta por melhores condições de trabalho.
"A intervenção monumental que agora inauguramos é mais um passo da nossa estratégia de qualificar a cidade com peças de arte pública de artistas de grande qualidade", salientou Maria das Dores Meira.
A autarca, ao destacar a importância do Bairro do Troino na história da indústria conserveira, sublinhou a força e a luta dos trabalhadores contra a pobreza. "Gente que resistia, como Mariana Torres, à tirania patronal que lhes pagava salários de miséria e lhes retirava direitos já adquiridos quando bem entendia", salientou.
Na cerimónia de inauguração, enquadrada no programa Março Mulher 2016, marcaram também presença, entre outras individualidades, diversos vereadores e os presidentes da Assembleia Municipal de Setúbal, Rogério da Palma Rodrigues, e da União das Freguesias de Setúbal, Rui Canas.