O presidente da Câmara Municipal e Setúbal, André Martins, agradeceu ao pintor Rogério Chora, na inauguração de uma exposição, patente na Galeria Municipal do 11, a dedicação ao concelho.
“É um dos artistas mais distintos da nossa cidade. Alguém que se dedica a contar histórias da nossa vida social, económica e cultural. Por isso, nós – Câmara Municipal, freguesias e toda a população – temos de estar muito agradecidos ao Rogério Chora, pela dedicação que ele tem e por esta mostra que nos deixa aqui, apenas com alguns exemplares, daquilo que é a história desta cidade”, afirmou o autarca.
André Martins admitiu que os 46 quadros que compõem a exposição “Setúbal na obra de Rogério Chora”, organizada pela Câmara Municipal de Setúbal, patente ao público até 17 de setembro, podem ser “uma parte muito pequena” da história da cidade, mas são “uma parte muito marcante”, por refletir as pessoas que se dedicavam ao mar.
“Por isso, estamos hoje aqui mais uma vez a felicitá-lo e a agradecer toda esta dedicação para a história da nossa cidade, que hoje é uma marca de referência nacional e internacional. São pessoas destas que são marcantes neste caminho e que fazem com que a nossa autoestima seja cada vez um bocadinho mais superior”, afirmou o presidente da Câmara, que estava acompanhado do vereador da Cultura, Pedro Pina, na inauguração da mostra realizada no sábado à tarde.
O presidente da Câmara recordou que há cerca de vinte anos Setúbal “não tinha nenhum espaço público onde os artistas pudessem mostrar o seu trabalho” e que a mudança começou quando a autarquia decidiu fazer a Casa da Baía, seguindo-se a Galeria Municipal do 11 e Galeria Municipal do Banco de Portugal, entre outros equipamentos.
“Tudo isto tem sido feito para possibilitar que muita atividade cultural se desenvolva em Setúbal. Avaliando no conjunto, acho que esta cidade teve uma transformação muito profunda e isso não se deve só ao trabalho da Câmara Municipal. Deve-se ao trabalho de muita gente”, referiu.
Rogério Chora, que completa 82 anos em 17 de julho, explicou que a exposição é composta por diversos trabalhos sobre vários temas relacionados com Setúbal, das embarcações e da Serra da Arrábida até aos “motivos mais modernos” representados nas suas últimas obras.
“Há mais de 60 anos que me tenho debruçado sobre os nossos temas e tenho vivido sempre em Setúbal. Estou muito grato por as pessoas gostarem das minhas coisas, o que me deu a possibilidade de me manter em Setúbal e viver da minha arte e profissão”, adiantou Rogério Chora, que agradeceu à Câmara Municipal e reconheceu não saber se esta será a sua última exposição, “porque estas coisas dão sempre muito trabalho”.
A exposição, de entrada gratuita e patente ao público de terça a sexta-feira das 11h00 às 13h00 e das 14h00 às 18h00 e ao sábado das 14h00 às 18h00, a exposição exibe pinturas de paisagens e locais de Setúbal, bem como outras relativas a algumas atividades, como a reparação naval, a pesca ou o coser das redes de pesca por parte dos pescadores.
Nascido em 17 de julho de 1941 numa casa em plena Avenida Luísa Todi, Rogério Carlos Chora é, como refere a brochura da exposição, “um dos mais reconhecidos pintores contemporâneos de Setúbal (único profissional) e um dos últimos artistas figurativos portugueses de expressão realista”.
Os temas centrais da sua pintura são pessoas comuns, contextos marítimos, a cidade de Setúbal, o rio Sado e a Serra da Arrábida, tendo procurado seguir uma linha própria apesar de ser admirador do Impressionismo e de artistas como João Vaz, Almada Negreiros, José Malhoa, Pinto Coelho e Júlio Pomar.
Cedo começou a revelar um talento natural para a pintura e, depois de ter participado numa exposição escolar no final do ano letivo de 1955/1956, aos 14 anos exibiu algumas obras na II Exposição de Arte Infantil, realizada no Salão Nobre dos Paços do Concelho da Câmara Municipal de Setúbal.
Frequentou o curso de Pintura Decorativa da Escola António Arroio, em Lisboa, e em 1957, ainda estudante, foi um dos fundadores do Círculo de Cultura e Arte Setubalense, tendo ajudado o pai na sua loja de eletrodomésticos quando concluiu a formação artística e sido operário fabril em Colónia, Alemanha, onde residiu durante alguns meses, em 1962.
Nesse ano realizou a sua primeira exposição individual e na década de 1960 começou a ganhar reconhecimento na cidade, com a produção de cartazes da Feira de Sant’Iago ou a conquista do segundo prémio do concurso de artes plásticas realizado no bicentenário de nascimento de Bocage.
Como o próprio reconhece, o seu período de maior produção aconteceu nas décadas de 1980 e 1990, durante as quais alcançou grande sucesso e reconhecimento no país e participou quase todos os meses em exposições individuais ou coletivas, tendo igualmente exposto em Barcelona, Badajoz e Madrid (Espanha), Beauvais (França), São Paulo (Brasil) ou Colónia (Alemanha).
Entre os diversos prémios e distinções recebidos por Rogério Chora, que em 2017 foi nomeado Embaixador da cidade de Setúbal, contam-se a Medalha de Bronze (1978) e a Medalha de Ouro de Mérito Cultural (1992) atribuídas pela Câmara Municipal de Setúbal.