A urgência na implementação de um serviço de transportes públicos eficiente foi apontada pelo presidente da Câmara Municipal de Setúbal, André Martins, ontem à noite, no Cinema Charlot, em nova sessão pública com a população.
O autarca reafirmou nesta quarta reunião do Executivo municipal pelas cinco freguesias do concelho para debate da qualidade dos transportes rodoviários de passageiros que a absoluta prioridade é que a empresa Alsa Todi assegure o funcionamento do serviço de acordo com o que foi assumido.
“Era preciso fazermos estas sessões para informar as pessoas. Começaram a surgir histórias que não coincidem com a realidade e é importante que a população saiba como chegámos a este ponto”, assinalou André Martins na reunião realizada no território da União das Freguesias de Setúbal.
O autarca lamentou que haja quem aponte “que a Câmara Municipal não tem interesse num serviço de autocarros eficiente, pois a operadora é paga ao quilómetro”, levando a que, com menos autocarros a circular, menos a autarquia tivesse de pagar à empresa.
“Isto não pode ser mais falso. A começar logo pelo facto de que a não é a Câmara Municipal quem tem contrato com a operadora, mas sim a empresa pública Transportes Metropolitanos de Lisboa”, afirmou nesta reunião no Cinema Charlot – Auditório Municipal, acompanhado da vice-presidente Carla Guerreiro e dos vereadores Rita Carvalho, Carlos Rabaçal e Pedro Pina, assim como do presidente da União das Freguesias de Setúbal, Rui Canas.
André Martins esclareceu, igualmente, que a contratação de motoristas é competência da operadora e não do município e refutou as suspeições de que a autarquia solicitou à empresa a priorização de autocarros e recursos humanos para as praias na época balnear em detrimento dos recursos alocados para outras áreas do concelho.
“Isso seria impossível de acontecer. É a Alsa Todi que decide como faz a alocação dos autocarros e não a Câmara Municipal”, reiterou.
Nestes encontros pelas freguesias, o Executivo está a apelar à mobilização popular para uma manifestação no sábado, 1 de outubro, às 10h30, na Praça Vitória Futebol Clube, como protesto pela ineficiência do serviço de transportes públicos prestado pela Alsa Todi.
A vice-presidente Carla Guerreiro adiantou que, para assegurar qualidade nos transportes escolares, a autarquia “está a contactar empresas que fazem serviços não regulares, como visitas de estudo”.
A autarca, que detém o pelouro da Educação, afirmou que a Câmara Municipal “tem fundamentação necessária para imputar os custos desta medida à operadora”, reforçando que “as pessoas têm pedido soluções” e “esta é uma, de entre várias, que estão a tentar ser implementadas”.
A Alsa Todi começou a operar em Setúbal a 1 de junho, na sequência da entrada em funcionamento da marca Carris Metropolitana, projeto da Área Metropolitana de Lisboa que decidiu centralizar a gestão dos transportes públicos após a decisão do Governo, em 2015, de delegar essa competência nas câmaras municipais do país.
Nesse sentido, foi criada a empresa pública TML – Transportes Metropolitanos de Lisboa, e a região dividida seria em quatro lotes de concelhos, para os quais foram criados concursos internacionais para a prestação do serviço por empresas privadas.
No lote quatro, no qual se encontra Setúbal, a Alsa Todi foi o consórcio vencedor.
A vereadora da Mobilidade, Rita Carvalho, frisou que não está em causa o problema da estratégia metropolitana de transportes públicos. “Essa mesma estratégia, por exemplo, permitiu uma redução impressionante dos valores dos passes sociais. A empresa que ganhou o concurso é que se tem revelado de uma ineficiência enorme em cumprir o que está estipulado em contrato.”
Uma vez o serviço de transportes passe a ser assegurado como estava previsto, Rita Carvalho afiança que a estratégia para a região continuará “a ser um processo revolucionário no conceito de mobilidade urbana”.
A última sessão deste conjunto de encontros de debate com a população sobre o serviço de transportes públicos no concelho realiza-se amanhã, às 18h30, na União Cultural, Desportiva e Recreativa Praiense, na freguesia do Sado.
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