Esta data é a mais controversa nos quase 50 anos de democracia em Portugal. Ainda hoje sobre ela se ouvem as mais diversas opiniões, afinal fruto das convicções partidárias ou ideológicas de cada um.
Muito se fala do que sucedeu em Lisboa, mas em Setúbal o que aconteceu? Vamos então resumir os factos mais conhecidos.
Havia na altura um grupo popular, de agitação política, com o nome de Comité de Luta, (CL) que pretendia reunir as comissões de moradores e de trabalhadores de modo a fazerem exigências políticas a seu favor, mas à margem dos partidos tradicionais. Embora tivessem uma reduzida votação nas eleições mobilizavam muitos trabalhadores das empresas de Setúbal.
No dia 25 de novembro, os membros mais ativos do CL através da sua estação de rádio a “A Voz da Revolução”, instalada num prédio na Tebaida, incitaram os operários e outros trabalhadores a resistirem ao aparente golpe de Estado de direita causado pelas movimentações militares desse dia.
Logo se mobilizaram umas centenas de ativistas, junto ao antigo quartel do RI 11, exigindo a distribuição de armas ao povo e exortando os militares a apoiarem a sua causa. Mais tarde, no mesmo dia, aviões da Força Aérea, a jato, sobrevoaram Setúbal, a baixa altitude, o que alarmou muita gente. Mas, no resto, nada aconteceu de grave na cidade.
Claro que se falarmos com protagonistas desse dia, em Setúbal, muitas histórias iremos ouvir, algumas muito parciais ou até imaginativas.
Assim a verdadeira história do 25 de novembro, em Setúbal, ainda está por se escrever, o que apenas será possível por um historiador da nova geração, sem quaisquer preconceitos nem memórias desse dia. Esperemos…
Professor Alberto de Sousa Pereira