O quartel do RI 11 foi construído no baluarte da N.ª Sr.ª da Conceição que por sua vez deu o nome ao cais onde se realizava a venda do peixe. O quartel tinha um nicho, na parte Sul, com uma estatueta da N.ª S.ª da Conceição do Cais, protegida por vidros e iluminada à noite por dois lampiões elétricos, um de cada lado nicho. A imagem era bem visível do Rio Sado dando assim apoio moral e religioso aos pescadores e marinheiros.
Em 1949 começou a construção do grande armazém da Junta Autónoma do Porto de Setúbal, JAPS, a sul do quartel do RI 11, onde recentemente se aplicaram as vacinações contra o Covid-19. O armazém tapou completamente o nicho e os pescadores protestaram porque já não viam, do Rio Sado, a imagem na N.ª S.ª do Cais.
Foi então que a JAPS cedeu um terreno no seu jardim, hoje o Jardim Engenheiro Luís da Fonseca e uma campanha de donativos reuniu os 73 contos, uns 36.000 euros a preços de hoje, necessários para construção do novo nicho, agora bem visível do rio, que recebeu a imagem existente no quartel do RI 11.
A inauguração do nicho, com alguma pompa, foi no dia 1 de maio de 1953.
Realizou-se uma procissão com alunos das escolas primárias, pescadores, outros elementos da população e celebrou-se uma missa campal em frente do antigo nicho.
O novo nicho ainda a hoje é visitado, anualmente, pelas procissões fluviais das festas da N.ª Sr.ª do Rosário de Tróia e do Círio da Arrábida, ambas no verão.
Entretanto, criou-se à volta desta imagem uma lenda, muito repetida na Internet, envolvendo um pescador pobre e uma jovem judia, mas sem qualquer consistência histórica.
Professor Alberto de Sousa Pereira