Durante a Idade Média era vulgar as pessoas deslocarem-se em peregrinações religiosas. Havia três destinos habituais: Roma, Jerusalém e Santiago de Compostela. Os que visitavam Jerusalém eram os Palmeiros, pois identificavam-se com um ramo de palmeira. As peregrinações eram essencialmente de homens que seguiam em grupo, mais ou menos numeroso, por razões de segurança, pois as estradas estavam infestadas de salteadores.
A partir de 1200, começaram a surgir em Portugal, nas principais povoações, diversas instituições conhecidas como Hospitais dos Palmeiros, que abrigavam qualquer peregrino, na ida ou volta, dando pernoita, comida e apoio de enfermagem se necessário. Esses hospitais, na realidade eram hospedarias, estavam colocadas nas povoações que eram percorridas pelos peregrinos na sua extensa viagem, toda feita a pé, como por exemplo, Setúbal, Almada, Lisboa, Santarém e outras.
A hospedaria de Setúbal estava situada a sul da atual Igreja de Santa Maria e felizmente conservou até hoje a sua fachada original. Sabemos que já existia em 1363 e tem todas as características da arte gótica da época.
Ao longo da história as instalações tiveram várias utilizações, pouco dignas, como armazéns ou oficinas diversas, mas em 2020, a Câmara Municipal de Setúbal comprou o prédio e fez obras de remodelação interiores e exteriores. Foi colocada uma vedação metálica, igual à que está em frente na Igreja de Santa Maria, afixada uma placa explicativa, em português e inglês e aberta uma escada de acesso direto da rua.
Antes foram feitos estudos arqueológicos no local e encontrados vestígios de uma casa do período romana, séculos II e III, além de ossos humanos de enterramentos mais recentes.
Assim o antigo, modesto, mas histórico prédio foi recuperado e posto à disposição dos turistas e de todos os setubalenses interessados.
Professor Alberto de Sousa Pereira