Tudo começou em 1905 quando um empresário francês montou no Aterro (atual Praça da República) uma barraca para projeções de cinema com o pomposo nome de Salão Edison. Nos intervalos um pianista tocava música para entreter a numerosa assistência, pois na época cada filme durava apenas uns poucos minutos.
Foi um sucesso e no verão de 1906 um empresário setubalense abriu o Grande Salão Recreio do Povo na Avenida Luísa Todi, n.º 203 a 217. Tinha 1000 lugares sentados e uma orquestra com dez músicos. Os bilhetes custavam entre os 40 e 100 réis conforme os lugares que eram de camarote, balcão, galeria, 1.ª e 2.ª plateias e geral.
Nos anos vinte a orquestra era dirigida pelo conhecido músico setubalense Joaquim Cabecinha. A sala também era usada para espetáculos de variedades e de teatro, pois tinha alguns camarins para os artistas.
Em 1931 o Salão exibiu o primeiro filme com diálogos sonoros do mundo, “O cantor de Jazz”. O filme foi um enorme sucesso com numerosa assistência.
Em março de 1956 o recém-criado Cineclube de Setúbal exibiu aos sócios o filme italiano Ladrões de Bicicletas, antecedido por uma palestra do jornalista Ernesto Sousa.
Nos anos sessenta a concorrência da televisão começou a fazer-se sentir e em 1976 o Salão encerrou e o prédio foi vendido ao Banco Pinto & Sotto Mayor que lá instalou a sua filial de Setúbal. Anos depois, em 2000, aquele banco fundiu-se com o Banco Comercial Português que durante alguns anos ainda manteve as instalações a funcionar até encerrarem, por completo, recentemente.
Mas, na memória dos setubalenses mais idosos, o velho cinema Salão ficará para sempre lembrado pelas suas deliciosas matinées para maiores de seis anos.
Professor Alberto de Sousa Pereira