Todos os setubalenses conhecem o coreto da Avenida Luísa Todi que já tem cerca de 125 anos de serviço.
Os coretos foram criados em meados do século XIX, quando a burguesia chegou ao poder municipal e como tinha necessidades culturais e musicais, iniciou a construção de coretos e a formação de bandas filarmónicas. O movimento da construção de coretos percorreu toda a Europa. Portugal, com o seu clima ameno, rapidamente aderiu esta barata diversão musical.
Os coretos inicialmente eram de madeira, mas rapidamente começaram a ser construídos em ferro.
Setúbal, em 1880, constrói um coreto de madeira na então Rua da Praia. Anos depois a Câmara Municipal de Setúbal resolveu encomendar um novo coreto, de ferro, à empresa setubalense José Maria da Silva, que aceitou e cumpriu a empreitada.
A inauguração foi em junho de 1899 e a banda do Regimento de Caçadores n.º 1, futuro RI 11, tocou várias peças musicais entre as quais o Hino de Setúbal e uma ária da ópera italiana Os Palhaços.
O coreto possui na sua base uma arrecadação que também dá acesso ao coreto por um alçapão, mas tal solução era muito incómoda para os músicos que tocavam instrumentos volumosos.
Apenas já neste século a Câmara Municipal de Setúbal construiu a escada exterior do lado poente.
Em 1937, para poupar dinheiro, Oliveira Salazar extinguiu as bandas regimentais que eram umas 32 em Portugal. Apenas ficaram as bandas das Regiões Militares e assim Setúbal ficou dependente de Évora.
No início de 1938 foi o concerto de despedida da banda do RI 11 no nosso coreto. Houve quem chorasse de desgosto e, no final, uma menina ofereceu ao regente da banda um bonito ramo de flores.
Mas o coreto continuou, foi sendo melhorado e ainda hoje lá está sempre pronto para dar música, no bom sentido, aos setubalenses.
Professor Alberto de Sousa Pereira