A eleição do Diretório que terá a responsabilidade histórica de preparar a Revolução

Uma das principais decisões do X Congresso do Partido Republicano realizado em Setúbal foi a eleição do Diretório e da Junta Consultiva que em conjunto teriam a responsabilidade histórica de preparar do ponto de vista militar e político a revolução.

Já vimos em crónica anterior que a decisão não foi consensual, provocando violentos confrontos políticos.

Os trabalhos para a votação dos membros do Diretório e da Junta Consultiva prolongam-se por várias horas no último dia do Congresso, tendo sido eleitos para o Diretório os seguintes membros apresentados, com a seguinte votação: José Relvas (372 votos); Teófilo Braga (306 votos); Basílio Teles (240 votos); Eusébio Leão (218 votos); Cupertino Ribeiro (210 votos)
Como suplentes foram eleitos: Pereira Osório (339 votos); Malva do Valle (218 votos); José Barbosa (152 votos); Leão Azedo (143 votos); Inocêncio Camacho (112 votos);
Para a Junta Consultiva foram eleitos os seguintes membros: Celestino de Almeida (337 votos); Bernardino Machado (333 votos); Guerra Junqueiro (333 votos); Jacinto Nunes (325 votos); Fernandes Costa (322 votos); Manuel de Arriaga (318 votos); Teixeira de Queiroz (281 votos); Azevedo e Silva (273 votos); João Chagas (235 votos);
De Setúbal é eleito o dirigente Eusébio Leão.

Foram aprovadas dezenas de moções, das quais destacamos as mais significativas:
- Moção sobre a jornada das 8 horas de trabalho apresentada pelo congressista Nunes Loureiro;
- Moção de apoio às vítimas da repressão monárquica;
- Voto de louvor a toda a imprensa republicana. Este voto de louvor vai ser extensivo a outros jornais não republicanos onde é explicitamente referido o jornal anarquista setubalense Germinal.
- Moção propondo a anulação do da Tratado do Transwal cujo texto é apresentado como “mais uma capitulação do governo português face às potências internacionais”, decidindo-se criar em todo o país um “grande movimento nacional, para que a dita convenção seja declarada sem valor”.

Em síntese, podemos dizer que Setúbal tem a responsabilidade histórica de ter emprestado o seu chão à preparação do assalto final à monarquia.

A 5 de outubro de 1910 a República seria implantada em Lisboa. Contudo, aqui, nas ruas setubalenses, já os ventos republicanos tinham soprado no dia anterior. A cidade antecipar-se-á a Lisboa, juntamente com outras localidades a sul do Tejo, na proclamação do novo regime.