Nossa Senhora da Anunciada
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As celebrações de Nosso Senhor do Bonfim, um evento marcante na cidade de Setúbal, estão prestes a realizar-se. Embora a procissão em honra do santo seja bem conhecida pelos habitantes da cidade, poucos conhecem a história das festividades e a sua influência na tradição piscatória local e não só.
Em busca de desvendar mais sobre as raízes destas celebrações, a União das Freguesias de Setúbal conversou com São Lino, responsável pela comissão organizadora das Festividades em Honra de Nosso Senhor do Bonfim.
Como filha de pescadores e casada na Igreja do Senhor Jesus do Bonfim, ela mantém viva a tradição que a acompanha desde sempre.
São Lino contou que as comemorações foram sempre organizadas pelos pescadores e seus familiares desde a chegada do Padre Vieira a Setúbal. Hoje, a organização é uma colaboração entre a Paróquia da Anunciada e os devotos de Nosso Senhor do Bonfim. A tradição tem mais de 500 anos e foi iniciada pelos familiares das gentes do mar. Existem duas lendas sobre a origem das festividades, mas a verdadeira história inicial permanece um mistério. A primeira conta que certo dia uma mulher de pescador encontrou a imagem de Nossa Senhora a flutuar no rio Sado e a segunda que, após uma grande tempestade, a imagem da santa veio dar à costa. O que é certo é que a imagem foi transportada pelos populares até à Ermida do Anjo da Guarda que, outrora, se situava fora da cidade (atual capela do Senhor Jesus do Bonfim).
Do século passado para cá, Nosso Senhor do Bonfim tornou-se o santo protetor dos pescadores. Inicialmente foram os bacalhoeiros que, devido às dificuldades inerentes a esta faina temiam pela vida até, mais tarde, aos pescadores de Sardinha, que traziam para Setúbal a matéria-prima da indústria conserveira.
Mas a devoção por Nosso Senhor do Bonfim espalhou-se também além fronteiras. Em 1745, um capitão de guerra da Marinha Portuguesa, Dom Teotósio Rodrigues de Faria, levou uma imagem em proveniência de Setúbal para a Baía, e desde então a tradição tem sido mantida com muito amor e devoção estando mesmo na origem das pulseiras de pano utlizadas um pouco por todo o mundo.
Desde sempre, a festa tem uma parte religiosa e uma parte profana, com animações diversas, alimentação e até touradas, e tem visto um aumento constante de participantes ao longo dos anos.
Este ano, a festa começará no dia 30 de maio, com a oração do terço na Igreja da Anunciada, e continuará até dia 4, domingo, dia em que terá lugar a tradicional procissão dos barcos às 17h. Na festa, dedicada aos pescadores, juntou-se ao Nosso Senhor do Bonfim a Nossa Senhora do Rosário de Troia e a Nossa Senhora da Arrábida, sendo que a tradicional procissão inclui estas três imagens.
São Lino convida todos os setubalenses a participar e perpetuar esta tradição local. É uma celebração importante, tanto para a cidade de Setúbal como para a cultura piscatória em todo o mundo.
A União das Freguesias de Setúbal tem desenvolvido, ao longo dos anos, uma cooperação com a comissão organizadora com o objetivo de perpetrar as tradições marítimas e religiosas da comunidade piscatória.
Poderá conhecer melhor esta festividade durante a Mostra das Tradições Marítimas de Setúbal, que decorrerá já a partir de dia 31 de maio no Parque Urbano de Albarquel.