Nossa Senhora da Anunciada
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O Teatro Estúdio Fontenova estreia a peça “Qual Estado da Nação?”, sobre mendicidade no Estado Novo, a 15 de novembro, no Fórum Municipal Luísa Todi, em Setúbal, onde fica em cena até dia 24.
“Qual Estado da Nação?”, sobre o antigo Albergue da Mendicidade da Mitra de Lisboa, instituição onde a polícia do Estado Novo prendia, sem condenação nem recurso, quem queria fazer desaparecer das ruas, é uma criação com texto original de Luísa Monteiro e encenação de José Maria Dias, responsável também pelo espaço cénico.
A partir de “histórias de homens, mulheres e crianças agrilhoadas pela condição social, orientação sexual ou pela fragilidade da saúde mental”, o TEF – Teatro Estúdio Fontenova construiu uma peça para “desmistificar o que foi realmente o albergue”, escreve a companhia na apresentação da peça.
O espetáculo, que põe em cena um círculo vicioso de segredos, denuncia um dos capítulos mais negros e menos conhecidos da ditadura, em que “era prática comum branquear para não se questionar e alimentar uma rotina de felicidade obedecida e calada”.
Oficialmente extinto com o 25 de Abril de 1974, o Albergue da Mendicidade de Lisboa, ou Mitra, foi o depósito de mais de 20 mil adultos e crianças, entre pedintes, sem-abrigo, deficientes, doentes mentais e prostitutas, que, controlados pela PSP, foram escondidos do olhar do público, muitos por vários anos.
O TEF revela agora segredos ocultos, a partir de “estórias tímidas, outras sem filtro, ora sussurradas, ora gritadas”.
A ideia, adianta a companhia, é abrir “a porta de um anexo de uma casa portuguesa e encontrar o que não se diz, o que não se conta no campo da saúde mental durante a ditadura. Seres para a morte: calculada, antecipada, civilizada?”
“Qual Estado da Nação?” está em cena no Fórum Municipal Luísa Todi até 24 de novembro, com sessões diárias às 21h00, com exceção do dia 17, em que é apresentada às 17h00.
Terá também uma sessão especial para escolas, no dia 19, às 15h00, mediante marcação, e uma apresentação com audiodescrição, no dia 24, às 17h00.
A peça tem música original de João M. Mota e voz de Cátia Mazari Oliveira na canção final.
A interpretar estão Graziela Dias, Patrícia Paixão e Sara Túbio Costa.
Os bilhetes, à venda no Fórum Luísa Todi e na BOL – Bilheteira Online, têm o custo de oito euros para o público em geral e de seis para estudantes, desempregados, profissionais do espetáculo e menores de 25 anos ou maiores de 65.